sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Ser e ser

Era um jovem de 18 anos. Eufórico, alegre, animado, empolgado, entusiasmado, tão avivado que chegava a ser ingênuo. E bonito e galanteador. Quem não o conhecia? Ousado, enfrentava até um leão se pudesse. Mas não podia tudo. As vezes chegava em casa a uma hora da madrugada, com cheiro de cerveja e de confusão. Isso é hora de chegar, menino? perguntava a mãe. Ele não se importava. Queria era deitar e dormir. E estava certo... Tanto entusiasmo o tempo todo não é para muitos. Ninguém é de ferro, né mãe? só dizia. Gostava de mandar. Ô minha irmã, prepara aí um café com pão pra mim vá! pedia. E ai de quem contestasse. Era uma rebelião na hora. Embora, as vezes, fosse até enjuado, era amado por muitos, invejado por outros, odiado eu não sei. E eu o admirava. Admiro. E com convicção, admirarei sempre. Porque ele é ele. As vezes, eu não consigo ser eu mesma. Mas para ele, isso não é questão de conseguir, isso é questão de ser. Para ele não existe essa de "ser ou não ser, eis a questão", Hamlet que o perdoe, mas ele só quer saber de ser. Porque ele vive. Vive de verdade. Pode até quebrar a cara, mas sempre vai ter animação de catar os seus pedaços, juntar e colar com a cola Super Bonder. Mesmo que não fique como era antes, ele não vai morrer por isso. A vontade de viver habita dentro dele. E isso, meu amigo, é para poucos.

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