sexta-feira, 25 de março de 2011

Esquinas

De rua em rua, ela andava observando cada esquina. Podem ser insignificantes esquinas, mas ela observava cada uma detalhadamente. O que tinha demais nas esquinas? Por incrível que pareça, nada. Só que ela via muito mais que esquinas. Ela via em cada esquina um encontro. Em cada encontro um abraço. Em cada abraço uma despedida. E observava que as esquinas são sempre as mesmas, independente de encontro ou despedida. Elas estão lá, constantes, paradas, frias, só esperando duas almas talvez ansiosas de saudade se verem e se abraçarem. As esquinas observam tudo. As esquinas sabem mais do que nós. Elas viram os pais de seus pais se encontrarem, se despedirem. As esquinas são velhas sábias. Não se apaixonam. Não se comprometem. Não sofrem e seus segredos devem ser... Interrompendo seu pensamento, uma gota de chuva cai sobre a sua cabeça. E ela sai andando mais rápido, pois não quer se molhar. Pára de contar as esquinas, pára de observá-las. O que foi um alívio para as esquinas. Quase ela descobre os segredos das esquinas para não sofrer. Mas acontece que a chuva também tem seus mistérios... Por que foi cair justo agora? Vai ver é porque ela é apaixonada pelo mistério da esquina, por isso quis preservá-lo. E mesmo com todas essas provas de amor, a esquina continua ali, parada, imutável, fria, só observando. 


Quem sabe esse não é o segredo.

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