quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Luz

E enfim, eles estavam sozinhos e não era proibido. Resolveram assim: ela juntou o que tinha do lado de cá e ele juntou o que tinha do lado de lá dentro de um pedaço de espaço fechado e, claro, privado, na turbulência da capital. Foi a maior bagunça no começo. Durante o dia, iam trabalhar. E a noite, tentavam até arrumar aquela danada daquela bagunça, mas sempre acabavam rolando pelo chão da sala, enlaçados, já desarrumando o que se tinha arrumado. E após, exaustos e satisfeitos, o tempo que restava, restava para preparar alguma coisa, algum arroz meio assado e uma carne meio crua para não passar fome, e antes de dormir, não procurar comida na rua.
Com tempo, acabaram conseguindo organizar aqueles trapos, mas pouco adiantava, pois ela, desleixada e desordenada, acabava tirando tudo do lugar e não sabendo onde botava. E ele sempre seguro e compassado, perdia a cabeça porque não achava coisa alguma naquele tão minúsculo espaço, e constantemente brigava por causa de uma cama bagunçada, uma roupa amassada, uma pizza queimada e uma lousa mal lavada. Mas quando, na noite fria em que a solidão, antes, sempre se manifestava, naquele pequeno cubículo de espaço, para sua manifestação, espaço não restava, pois os dois e o que tem entre eles sempre o ocupava, tornando a noite fria em dia quente até de madrugada. O amor radiava luz: luz que esquentava.

Um comentário:

  1. " O amor radiava luz: luz que esquentava. "
    *-*
    show de bola!
    beijo :*

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